Entro em casa
Busco o seu cantar
Pular
Gritar estridente de quem está feliz
Ao sentir a casa povoada
Ao ouvir a minha voz.
Mas o encontro não é o mesmo de sempre.
Vejo, a um canto da gaiola,
Aquela ave que prenunciou um novo tempo anos atrás
Já sem forças, olhar cansado...
Como a anunciar a sua despedida.
Amanhecer, lá em casa, era uma festa:
batia as asas velozmente;
feliz, imprimia passos de um lado para o outro da gaiola,
como quem quisesse roubar a cena,
saudar o renascimento
e dividir a beleza daquele tempo.
Protegi-a como pude.
Certifiquei-me de que não fora atacada por outro animal.
Agasalhei-a e despedi-me dela
Certa de que não teria mais a sua companhia a um novo amanhecer,
de que não mais a veria correr e cantar.
Mas, em minha memória,
jamais se apagarão os dias felizes;
o seu canto anunciando um novo dia;
o contato diário;
a beleza de sua espécie, de suas cores;
o seu bico, de leve, tocando em meus dedos.
E o vazio que deixou ao partir.
Vida que não teve tempo para chegar
E que partiu sem se demorar
Sua gaiola ficará para sempre
DESABITADA.
O REI DA NOITE
Há 2 anos
3 comentários:
Discordo de sua última estrofe!
Tempo. Que tempo? O seu, o meu, o nosso, ou o da ave ?
"Sua gaiola ficará pra sempre desabitada" Será?
Sempre temos como preencher espaços vazios, aliás essa é uma das grandes necessidades humanas.
Quando o Heitor falou "Será?", pensei imediatamente o porquê de não preencher o vazio que ausência da ave te causou. Podemos "arrumar quem habite" novamente a sua gaiola, para voltar o ouvir o canto, para ver a alegria e para sentir a companhia. Bicho nos traz felicidade, amizade e lealdade.
Postar um comentário