quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Resignificando paisagens

Maria não se deixava convencer de que a vida poderia ser mais simples, sem inquietações ou angústias que lhe assombrassem a alma.
Diante de alternativos caminhos, ecolhia sempre o de curvas tortuosas, pois elas escondiam algo novo, o desconhecido, que tanto lhe aguçava os sentidos, desafiando seus sentimentos mais íntimos, lançando-a em espiral no ciclo mais dinâmico de viver. Afinal, a linha reta mostrava-lhe o fim do caminho já tão conhecido, que não lhe causava mais admiração ou encanto porque nada mais havia para ser explorado ou descoberto. Paisagens antigas e vibrantes, agora, estavam desbotadas, sem brilho!
É claro que Maria não pode viver sem sonhar, mas ter os pés no chão impossibilita o sonho, esvazia-o de brilho? Não!Não!Não! Definitivamente, não!
Decidira que ia pintar a realidade de diferentes cores, matizaria o coração, contudo prosseguiria com os seus pés fincados no chão, sem se deixar embriagar pela sedução daquilo que não conhece.
Abriria os braços para tudo que já reconhece em sua vida, aconchegaria em seu peito uma história antiga de amor recíproco e tornaria a olhar antigas paisagens que já não faziam sentido, agora, distinguindo forma, luz e cor.

domingo, 12 de outubro de 2008

Tudo em volta está mudo

O silêncio é martirizante e provoca uma certa inquietação que só se desfaz quando rompido, quando a comunicação volta a se restabelecer. Mas a comunicação pode ser a certeza do definitivo silêncio. Então para que inquietar-se? Não seria melhor aliar-se ao silêncio e por ele viajar, livre para pensar, sem pressa de chegar?
O silêncio constrói a dúvida que alimenta a fantasia tão necessária para colorir a frustrante realidade que não se quer enxergar. Que mania de enxergar, desvendar detalhes que podiam, muito bem, pertencer aos bastidores da vida. Ver apenas, sem notar, não seria uma perfeita solução?

sábado, 11 de outubro de 2008

O Chamado

Há um momento em que precisamos escolher o rumo de nossas vidas, que caminho tomar, que rédeas voltar a segurar, para que não nos machuquemos ali adiante. É claro que faz parte da vida cicatrizar feridas e contrair novas, mas se está ao nosso alcance minimizar qualquer sofrimento, por que não?
Mudar é sempre importante e, muitas vezes, é uma palavra de ordem! Nem que seja retroagir para processar uma mudança mais sólida, mais consciente, mais justa. Como se, numa fração de segundos, a vida nos chamasse para a realidade e soprasse aos nossos ouvidos palavras que despertam a nossa consciência para a reconstrução. Mas reconstruir o quê? Tudo. A parceria, a amizade, a solidariedade, a complacência (tão esquecida atualmente), a disponibilidade... e atender, como na música de Marina, ao "Chamado" - de viver a vida conscientemente, de preservar o amor, de ver a vida sob o ângulo da paz interior acima de qualquer angústia que possa inquietar a alma. A inquietude tira-nos do foco, gera uma desconcentração desconfortável e coloca-nos no alvo de um destruidor furacão que nos arruinará. Então salvemo-nos enquanto é tempo!