domingo, 17 de maio de 2009

A Ave Encantada

Entro em casa
Busco o seu cantar
Pular
Gritar estridente de quem está feliz
Ao sentir a casa povoada
Ao ouvir a minha voz.

Mas o encontro não é o mesmo de sempre.
Vejo, a um canto da gaiola,
Aquela ave que prenunciou um novo tempo anos atrás
Já sem forças, olhar cansado...
Como a anunciar a sua despedida.

Amanhecer, lá em casa, era uma festa:
batia as asas velozmente;
feliz, imprimia passos de um lado para o outro da gaiola,
como quem quisesse roubar a cena,
saudar o renascimento
e dividir a beleza daquele tempo.

Protegi-a como pude.
Certifiquei-me de que não fora atacada por outro animal.
Agasalhei-a e despedi-me dela
Certa de que não teria mais a sua companhia a um novo amanhecer,
de que não mais a veria correr e cantar.

Mas, em minha memória,
jamais se apagarão os dias felizes;
o seu canto anunciando um novo dia;
o contato diário;
a beleza de sua espécie, de suas cores;
o seu bico, de leve, tocando em meus dedos.
E o vazio que deixou ao partir.

Vida que não teve tempo para chegar
E que partiu sem se demorar
Sua gaiola ficará para sempre
DESABITADA.

3 comentários:

Heitor Achilles disse...

Discordo de sua última estrofe!

Tempo. Que tempo? O seu, o meu, o nosso, ou o da ave ?

"Sua gaiola ficará pra sempre desabitada" Será?

Sempre temos como preencher espaços vazios, aliás essa é uma das grandes necessidades humanas.

Maria Alice Eventos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Alice Eventos disse...

Quando o Heitor falou "Será?", pensei imediatamente o porquê de não preencher o vazio que ausência da ave te causou. Podemos "arrumar quem habite" novamente a sua gaiola, para voltar o ouvir o canto, para ver a alegria e para sentir a companhia. Bicho nos traz felicidade, amizade e lealdade.