Maria não se deixava convencer de que a vida poderia ser mais simples, sem inquietações ou angústias que lhe assombrassem a alma.
Diante de alternativos caminhos, ecolhia sempre o de curvas tortuosas, pois elas escondiam algo novo, o desconhecido, que tanto lhe aguçava os sentidos, desafiando seus sentimentos mais íntimos, lançando-a em espiral no ciclo mais dinâmico de viver. Afinal, a linha reta mostrava-lhe o fim do caminho já tão conhecido, que não lhe causava mais admiração ou encanto porque nada mais havia para ser explorado ou descoberto. Paisagens antigas e vibrantes, agora, estavam desbotadas, sem brilho!
É claro que Maria não pode viver sem sonhar, mas ter os pés no chão impossibilita o sonho, esvazia-o de brilho? Não!Não!Não! Definitivamente, não!
Decidira que ia pintar a realidade de diferentes cores, matizaria o coração, contudo prosseguiria com os seus pés fincados no chão, sem se deixar embriagar pela sedução daquilo que não conhece.
Abriria os braços para tudo que já reconhece em sua vida, aconchegaria em seu peito uma história antiga de amor recíproco e tornaria a olhar antigas paisagens que já não faziam sentido, agora, distinguindo forma, luz e cor.
O REI DA NOITE
Há 2 anos
Um comentário:
Quando eu caminho pelo centro da cidade adoro observar as construções antigas.
Em sua grande maioria a riqueza e o cuidado de detalhes em tais construções revelam uma vida muito mais poética.
Em contraste a essas magníficas construções estão os edifícios modernos, geralmente com vidros espelhados onde não conseguimos ver de fato o seu interior. As linhas retas dessas construções caracterizam uma certa modernidade efêmera. Atuais somente hoje.
Enquanto que as antigas resistem ao tempo, e a todos os modismos. Sendo antes, hoje e futuramente contempladas por todos.
Conservemos diante dos olhos toda e qualquer paisagem que tenha realmente significado!
Aliás resignificar é também significar.
Enquanto isso mais um edifício é erguido no centro da cidade.
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